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Andersson, Ola (1919-1990)

psicanalista sueco
Pioneiro da historiografia* erudita, Ola Andersson
teve um destino curioso no movimento
freudiano. O único livro que escreveu, publicado
em 1962 com o título de Studies in the
Prehistory of Psychoanalysis. The Etiology of
Psychoneuroses (1886-1896), foi completamente
ignorado na Suécia nos meios psicanalíticos,
embora seu autor ocupasse funções acadêmicas
importantes e fosse responsável pela
tradução sueca das obras de Sigmund Freud*.
Nascido no norte do país, em Lulea, Ola
Andersson era de uma família de proprietários
rurais protestantes e puritanos, que levavam
uma vida itinerante antes de se estabelecerem
em Estocolmo. O pai, Carl Andersson, era funcionário
e, como inspetor das escolas primárias
durante o período entre as duas guerras, foi
temido por uma geração de professores, por
causa da severidade de seus julgamentos.
Foi em Lund que Ola Andersson estudou
letras antes de abraçar a carreira de professor. A
partir de 1947, exerceu sua profissão em diferentes
instituições, primeiro em um centro de
formação para trabalhadores sociais, filiado à
Igreja sueca, depois em uma escola de psicoterapia
de inspiração religiosa, e enfim no departamento
de pedagogia na Universidade de Estocolmo.
Com a idade de 20 anos, interessou-se pela
psicanálise. Em 1948, fez contato com um dos
pioneiros da Sociedade Psicanalítica Sueca,
que o enviou a René De Monchy*, recentemente
estabelecido na Suécia, com quem fez uma
análise didática de cinco anos. Começou depois
outro período de análise com Lajos Székely
(1904-1995), emigrado da Hungria* e também
ele analisando de De Monchy.
Fugindo dos conflitos internos na Sociedade
Psicanalítica Sueca, que ocorreram depois do
retorno de De Monchy aos Países Baixos*, Andersson
decidiu dedicar-se essencialmente ao
ensino, à pesquisa histórica e à tradução da obra
freudiana. E, se foi membro titular da Sociedade,
desempenhou nela apenas um papel secundário.
Em dezembro de 1962, defendeu uma tese
sobre as origens do freudismo, o que lhe valeu
o título prestigioso de Dozent. Publicou-a imediatamente
e, assim, graças a esse trabalho magistral,
pôde relacionar-se com Henri F. Ellenberger*
que, por sua vez, começava a “revisar”
a historiografia oficial do freudismo na perspectiva
da constituição de uma história erudita. No
seu próprio trabalho, Andersson empreendeu
então a primeira grande revisão de um caso princeps
dos Estudos sobre a histeria*: o caso “Emmy
von N.”. Descobriu seu nome verdadeiro,
Fanny Moser*, expôs a sua história no congresso
da International Psychoanalytical Association*
(IPA) de Amsterdam em 1965, e esperou
14 anos para publicar um artigo sobre esse tema
na The Scandinavian Psychoanalytic Review.
Aliás, Andersson renovou completamente o
estudo das relações de Sigmund Freud com
Andersson, Ola 21
Jean Martin Charcot*, Hippolyte Bernheim* e
Josef Breuer*. Evidenciou também as fontes do
pensamento freudiano, em especial os empréstimos
feitos aos trabalhos de Johann Friedrich
Herbart*. Entretanto, ao contrário de Ellenberger,
continuou apegado, como membro da IPA,
à ortodoxia oriunda de Ernest Jones*, cujo
trabalho biográfico admirava, o que o impediu
de empenhar-se mais na história erudita. Sofreu
muito com seu isolamento no seio da Sociedade
Psicanalítica Sueca, a ponto de pedir a Ellenberger,
em 1976, que o ajudasse a emigrar para os
Estados Unidos*. Mas nunca realizou essa intenção.
Andersson deixou instruções para que, depois
de morto, seu corpo fosse cremado e suas
cinzas dispersadas. Seus dois filhos mudaram
de sobrenome, preferindo usar o da mãe, como
permite a lei sueca. O nome desse psicanalista,
ao mesmo tempo integrado e marginal, foi realmente
apagado da história intelectual de seu
país, a ponto de não figurar na Enciclopédia
nacional sueca, ele que havia escrito tantos
artigos em diversas enciclopédias suecas.
• Ola Andersson, Freud avant Freud. La Préhistoire de
la psychanalyse (Estocolmo, 1962), Paris, Synthélabo,
col. “Les empêcheurs de penser en rond”, 1997 • Henri
F. Ellenberger, Médecins de l’âme. Essais d’histoire de
la foli