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Allendy, René (1889-1942)

médico e psicanalista francês
A obra escrita desse médico, que foi em
1926 um dos doze fundadores da Sociedade
Psicanalítica de Paris (SPP), é tão considerável
quanto a sua personalidade é estranha e até
esquecida. Assinou cerca de 200 artigos e 20
obras sobre temas tão diversos quanto a influência
astral, os querubins e as esfinges, a teoria
dos quatro temperamentos, a grande obra dos
alquimistas, as modalidades atmosféricas, a tábua
de esmeralda de Hermes Trismegisto, o
tratamento da tuberculose pulmonar, a lycosa
tarentula, o sonho* etc.
Defendeu sua tese de medicina em novembro
de 1912, oito dias antes de se casar com
Allendy, René 15
Yvonne Nel Dumouchel, de quem o poeta Antonin
Artaud faria, em sua correspondência,
uma de suas “cinco mães adotivas”. Atingido
por gases de combate durante a Primeira Guerra
Mundial, reconhecido depois como tuberculoso,
Allendy decidiu curar-se por conta própria.
Em 1920, tornou-se membro titular da Sociedade
Francesa de Homeopatia e, três anos depois,
ficou conhecendo René Laforgue*, com
quem fez sua análise didática*. Este o introduziu
no serviço do professor Henri Claude* no Hospital
Sainte-Anne.
Allendy praticamente não formou analistas
no seio da SPP, mas seu consultório e seu palacete
do XVI arrondissement de Paris foram
freqüentados por escritores e artistas, em especial
René Crevel (1900-1935) e Anaïs Nin
(1903-1977), de quem foi amante. Esta contou
em seu Diário apenas alguns fragmentos desse
incrível tratamento psicanalítico que durou um
ano, em 1932-1933, em condições particularmente
transgressoras. E só em 1995 a verdade
foi conhecida, graças a Deirdre Bair, sua biógrafa,
que reconstituiu detalhadamente o que foi
essa relação.
Se Allendy foi seduzido por essa mulher, que
exibia os seios durante as sessões, beijou-a levemente
nas faces quando ela decidiu interromper
o tratamento, provocando o seu furor.
Assim, ela retornou e a análise se transformou
então em sessões de masturbação compartilhada,
antes que, em um hotel, Allendy se entregasse
com ela a práticas sadomasoquistas.
Foi depois dessa “análise” que Anaïs Nin
deitou-se com o pai, Joaquin Nin, que exclamou,
no momento do ato sexual: “Tragam aqui
Freud e todos os psicanalistas. O que diriam
disto?” Quando ela contou a cena a Allendy,
este ficou horrorizado e lhe relatou todo tipo de
histórias de incesto* que terminaram em tragédia.
Concluiu a sessão dizendo à sua “paciente”
que ela era “um ser contra a natureza”. Ela
respondeu orgulhosamente que o sentimento
que tinha pelo pai era um amor “natural”. Depois
dessa farsa sinistra, Anaïs Nin foi consultar
Otto Rank*.
No fim da vida, Allendy contou sua própria
agonia, de modo comovedor, no Diário de um
médico doente, obra póstuma.
• René Allendy, Journal d’un médecin malade, ou six
mois de lutte contre la mort, Paris, Denoël e Steele,
1944 • Élisabeth Roudinesco, História da psicanálise
na França, vol.1 (Paris, 1982), Rio de Janeiro, Jorge
Zahar, 1989 • Deirdre Bair, Anaïs Nin. Biographie (N.
York, 1995), Paris, Stock, 1996.